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Ai amor...

O amor.
Possivelmente um dos temas mais sorrateiros com o qual temos que lidar em nossas vidas. Em primeiro lugar, o que é o amor? Aí é uma boa pergunta, insólita e sem resposta pelo fato de ter tantas respostas. A biologia, a teologia, a sociologia, a antropologia, a psicologia, a matemática, a astrologia, a quiromancia, a mitologia... São tantas coisas que tem explicação pra esse sentimento que é difícil escolher qual a melhor, ou quais combinar pra ter uma resposta mais "completa". Uma palavrinha, o xis da questão de toda a história da humanidade, e nenhuma resposta plenamente satisfatória. Se existem 7 bilhões de pessoas no mundo, existem, no mínimo, 7 bilhões de opiniões sobre o amor.
O certo é que mesmo o mais covarde quer sentir, busca, ainda que secretamente, por meio de palavras ou ações, ter um fragmento de amor na vida. Por que o amor, não pode ser medido nem delimitado. Como bem disse Bauman em Amor Líquido, o amor tal como a morte são experiências únicas. Você nunca vai compreender totalmente se não vivenciar, o amor dos outros é um amor interpretado, atuado, como se fosse um filme editado que vai chegar a você. É preciso que cada um viva seu amor. Ou seus amores. 
E todos necessitam dele.
Mas necessidade é uma palavra forte, gera medo, incerteza. E busca-se então soluções mais simples, por que o amor não é fácil, e muito menos indolor. E a nebulosidade do futuro impede a sensação de segurança de saber que vai dar certo, que há algo bom do outro lado. Mas então, por que pensar no outro lado? Por que não pensar na caminhada até lá? Dar e apreciar passo a passo. O amor não é um lugar onde se chega, é um caminho, é algo que se constroi, que se mostra através das curvas sinuosas, das retas, das ladeiras... Ora de ladrilnho, ora de cascalho, ora de um asfalto liso, ora de remendos e buracos. Mas ainda assim um caminho, que pode ser sem saída, pode haver bifurcações, pontes... Tantas coisas que você deve arriscar-se a vivenciar. 
Mas vale à pena tanto risco por tanta incerteza? E se acabar? É o que a grande maioria se pergunta. O que eu me pergunto ainda. A resposta é simples, vale à pena tanta resistência e não viver nada? Qual o objetivo então, de a todo momento, se privar das coisas pelo medo do compromisso? Quando no fundo, se quer o compromisso? Somos tão ambivalentes que com o amor não seria diferente. Ao mesmo tempo que ânsiamos por amar, somos aterrorizados por isso. Ao mesmo tempo em que queremos a liberdade de poder ter e sentir amor, temos medo da prisão que ele pode causar, do tolhimento da liberdade de amar por estar amando. Aí pensamos, e se acabar não é? Possivelmente, queiramos que acabe, sentir alívio por que findou-se. Esperar pela falha é mais seguro, mas impede a vontade pra seguir em frente, em busca de mais.
Não acho que o amor acabe. O que acaba é nossa coragem de tentar construi-lo todos os dias com alguém. O que acaba é a nossa suposta segurança e boa vontade de estar cinquenta por cento dependente das ações de outra pessoa. De não ser soberano de suas emoções, como aparentemente a vida sem amor diz que é. Mas se a vida sem amor é uma vida que busca pelo amor, será que realmente tivemos a soberania, o controle sobre as nossas emoções em algum momento? É algo a se pensar. Tanto quanto as armaduras anti-amor que nos vestimos, mas que queremos que alguém tire, só não por muito tempo, por que podemos mudar e não mais caber naquela armadura, restando então a fragilidade sem ela.
No final das contas não é o amor que acaba, nós quem acabamos com ele.


Um comentário:

  1. Estou sem palavras, ótimo texto! Há alguns dias quis escrever sobre o mesmo tema mas achei tão complexo que não consegui e você conseguiu descrever grande parte do que eu penso. Muito bem!
    Beijos, www.surtandoedesabafando.blogspot.com

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